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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Eu, menina e flor...

   Anteontem, véspera de feriado, eu sai pra dançar com alguns amigos. Eu usei uma roupa provocante? Sim, um belo decote. Eu fiquei fora até tarde? Sim, só voltei de manhã. Eu fui a um ambiente duvidoso? Sim, uma balada na augusta. Eu bebi? Sim, um pouco. Me envolvi com casualmente alguém? Sim. Observando todas as coisas que eu fiz, percebi que se encaixavam sem exceções, na lista de atitudes de uma mulher que está "pedindo" para ser estuprada. 
   Mas o engraçado é: Em nenhum momento eu desejei isso. Eu só queria uma pausa da minha vida de estudante e trabalhadora que, sim, é difícil. E depois de analisar cuidadosamente os meus atos cheguei a seguinte conclusão: Eu não machuquei ninguém. Então, por que mereço ser machucada? Por que mereço ser despedaçada como a menina-flor do Rio?
   A Menina-flor queria as mesmas coisas que eu. Queria dançar até o corpo ficar leve. Queria que a música falasse mais alto que os problemas. Queria que por algumas horas a alegria e a diversão guiassem seu mundo. Mas olha o que aconteceu...
   Violentaram a Menina-flor... a arrancaram da terra, e a deixaram com as raízes nuas e sem proteção. Torceram o seu caule, seu apoio. E, um por um, 33 homem arrancaram as suas pétalas, suas certezas, seus sonhos, suas seguranças... e no fim, ainda riram dela, riram por ela sangrar, como todo ser humano sangrou desde o início dos tempos.
   A Menina-flor é filha e é mãe. A Menina-flor deu início a uma vida.
   A Menina-flor é o início da vida.
   Os 33 homens o início do fim.